Parte 3 da série especial para o Dia Mundial da Alimentação 2018, em parceria com a mobilização da Land Rights Now. Saiba mais aqui.
Toda região possui uma massa tradicional com suas características únicas e saborosas. Em Celebes Meridional, uma comunidade indígena do distrito indonésio de Sinjai possui seu próprio biscoito tradicional. Até hoje, os biscoitos laiya — como são chamados — ainda são servidos como parte da identidade tradicional da comunidade indígena de Turunga. Em bahasa, laiya significa gengibre. De fato, o biscoito tem a aparência de gengibre, cor avermelhada e um formato circular e retorcido que lembra o número oito. Portanto, ele é chamado de biscoito laiya.
O biscoito laiya é sempre servido durante rituais tradicionais, como casamentos, celebrações de colheita, rituais para pedir a proteção divina e o cumprimento de promessas religiosas, ou Nazr. O biscoito tem um formato que lembra o número oito ou, como chamam os habitantes locais, Poto Nabi (o nó do profeta). Ele é uma identidade do povo makassar buginês de Celebes Meridional.
O sabor delicioso dos biscoitos laiya se deve a ingredientes frescos, produzidos e processados pela comunidade indígena de Turunga. A iguaria é feita de farinha de arroz, farinha de arroz branco, açúcar de palma, óleo vegetal, água e sementes de gergelim a gosto. Sua preparação é relativamente simples. Misture a farinha de arroz, a farinha de arroz branco e o açúcar de palma. Mexa bem e adicione água até adquirir a textura de massa. Molde a massa em cordões finos e torça-os no formato de número oito. Polvilhe com sementes de gergelim e frite bem. Depois de fritos, sirva os biscoitos sobre folhas de bananeira para deixá-los mais macios e perfumados.
Com essa receita simples e ingredientes locais, o biscoito laiya se tornou uma herança transmitida por gerações entre a comunidade indígena de Turunga. Isso é o que me faz querer saber mais. Os conhecimentos sobre alimentos locais e tradicionais devem ser documentados e registrados. A modernização fez com que muitas gerações esquecessem sua identidade.
Por isso, essa curiosidade deve contagiar outros jovens para que eles cuidem, compreendam e façam parte da proteção dessa massa tradicional como forma de identidade cultural local. Se forem ignorados, elementos de identidades tradicionais como o biscoito laiya se tornarão uma história de que poucos se lembrarão.
Os jovens devem conhecer e se orgulhar. Se não formos nós, quem?
Escrito por: Burhanudin